Vejo a criança de sempre que optei por não matá-la
Um sonhador, como Ícaro, mas que acredita poder tornar os sonhos realidade.
O menino a não entender tanto sofrimento e maldade no coração das pessoas.
A vontade de não ser apenas mais um a ver a História passar, mas que ousa em querer fazer História.
O menino-homem com sensibilidade para sentir, tocar e modificar a alma de uma mulher.
O eterno insatisfeito consigo próprio, buscando aperfeiçoar-se cada vez mais.
Vejo também medos e lembro dos momentos difíceis.
Sinto, por vezes, a lágrima brotar, e sem orgulho machista, deixo-a a rolar por meu rosto, mostrando a maré sentimental que sou.
O subversivo que a tudo questiona e nada aceita por aceitar.
O compreendido e incompreendido que a cada dia, cada sol, vai, devagar, lutando por si e pela vida dos conhecidos ou não.
De tudo, ou quase tudo já provei. Da depressão, à euforia. Do niilismo profundo à imensidão do mar. Aprendi que muitas coisas nos cabem, menos o poder de julgar.
Quem sou eu? Sinceramente? não sei! Antagônico, contraditório, ferino, sarcástico. Quem disse que quero ser amado? Quem disse que não?
Onde está a bula, o rótulo, assim é mais fácil nos identificar. A minha fiz questão de rasgar.
Quando verdadeiramente olho para mim, acho que posso fazer mais. Posso me doar mais. Assim como todos vocês podem. Somos imperfeitos, mas a busca constante pode ser a perfeição. Ou será pecado. Até quando nos castraremos e nos digladiaremos defendendo dogmas que geram preconceito e desunião. Porque temos sempre que nos comparar à pessoa ao lado? Deixemo-la viver, deixemo-la em paz.
Paz. Paz. Quem não precisa de Paz! Às vezes distante, parece inalcançável. Quiçá, se olharmos para dentro de nós a encontremos. Quiçá até encontremo-nos. Então conheceremos a felicidade. Pelo menos, a nossa felicidade. É o bastante, não?
Rômulo Soares Albuquerque
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